domingo, 10 de julho de 2011

Piada sobre estupro pode levar Rafinha Bastos para a cadeia


Fonte: http://colunistas.yahoo.net/posts/12251.html


Falando sério:

     Recentemente postei sobre um comediante que foi agredido por um espectador por ter se ofendido. Tempo atrás, Marcelo Adnet foi advertido sobre um esquete que fez sobre uma desordem mental no quadro " a casa dos autistas", agora, um caso muito mais sério é o Ministério Público investigando a respeito da piada que Rafinha Bastos fez. O que está acontecendo com os comediantes?
     Piada de bom gosto ou mal gosto, não importa: piada é piada. Pode ser sarcástico, pesado, humor negro,irônico, sutil, com palavrão, piadas sem graça, ou seja, o julgamento da forma que foi conduzido a piada tem relação pessoal, cultural, educacional e tolerância - um nipobrasileiro pode se sentir ofendido com uma piada de japonês mas rir de piadas de lusodescendentes.
     Por tanto, é impossível categorizar ou avaliar uma piada já que envolve um conceito subjetivo.
    Aristóteles categorizava as obras teatrais em dois grandes grupos, a tragédia e a comédia. O primeiro descrevia feito heroico, histórico, de um passado glorioso que possui até representações divinas; ja o último era descrito por uma crítica, seja explícita ou implícita, mas possuia um caráter de alertar a sociedade, como por exemplo "Os Persas" de Aristófanes que alertava os cidadão ateniense pela sua cômodidade depois das guerras.
     Papel importante tinham os comediantes na Idade Média quando havia os cancioneiros, cordéis e o mais importante o bobo-da-corte que, perante os reis que possuiam poderes para a justiça, determinava a vida ou a morte de ministros, conselheiros, tesoureiros, menos do bobo alegre que fazia piada não só para animar o rei mas como tinha a liberdade de falar, criticar ou debochar de assuntos que outros não ousariam.
     Molière foi aquele que escancarava os assuntos e Ari Toledo utilizava de palavrões para animar. Dentro do contexto da liberdade de expressão, a comédia sempre foi o bastião para a quebra de conceitos e preconceitos, dessa forma, a preocupação do Ministério Público em levar ao julgamento Rafael Bastos parece não destoar com a história - já que muitos que usaram humor foram presos, torturados e até mortos na experiência da civilização - mas reafirmar ainda uma postura reacionária. Logicamente, há dentro do MP departamentos que investigam determinados tipos de crime, o que se põe em crítica é o esforço de levar a Justiça: estamos todos cansados de escutar perjúrio, demagogia, omissão de políticos que com maior simplicidade discursa assuntos sérios e são levados para o julgamento ( quando isso ocorre ) e é absolvido, será que levar um comediante que no seu discurso que pode não compactuar com o real seria uma banalização do Poder Judiciário? Insisto - COMEDIANTE!
     Piada não é apologia, pelo contrário, piada é piada! Repito: COMEDIANTE! 

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